Ano VIII - Nº 99 - Abril/2002










 

Tese de doutorado reconstrói a história da educação de PE

Caracterizar as relações entre educação e modernidade, pela análise das inovações educacionais introduzidas no ensino público em Pernambuco, entre 1920 e 1937, é o que propõe a tese de doutorado em História, da professora Lêda Rejane Accioly Sellaro. Com este estudo, ela busca reconstruir momentos significativos da História da Educação em Pernambuco, em meio às transformações econômicas, políticas e sócio-culturais que marcaram a 1.ª República.

Em Educação e Modernidade em Pernambuco – inovações no ensino público (1920/1937), a pesquisadora enfoca um período histórico que se caracteriza pela aceleração da industrialização e da transição da sociedade oligárquico-rural para a urbano-industrial. Modernizar era sinônimo de incorporar o modo capitalista de produção, com todas as implicações decorrentes, entre as quais, destaca a redefinição das estruturas de poder e das formas de pensar e encarar a realidade.

“A situação refletiu-se no multifacetado conceito de modernidade que constituiu o imaginário social da época, perceptível no movimento modernista pernambucano, marcado pela tradição e pelo regionalismo; e, talvez  por isso, capaz de  repensar a cultura local sem cair na simples reprodução de modelos externos”, diz Lêda Sellaro. Ela afirma que “os processos decorrentes do projeto de construção da nação brasileira ligaram-se, predominantemente, à sociedade civil, sob a influência de personalidades que equacionaram e enfrentaram problemas sociais recorrentes, principalmente nas áreas da educação e da saúde”. A reforma educacional de 1923, realizada pelo professor Ulysses Pernambucano, é considerada o marco definidor do processo de renovação do ensino público em nosso estado, por ter lançado os fundamentos psicológicos da concepção humanista moderna de educação, com base no ideário da Escola Nova.

“As inovações refletiam o respeito pelas diferenças individuais e a preocupação com as condições sociais dos alunos. Outra iniciativa pioneira – a classe para o atendimento de crianças excepcionais – deu origem às escolas especializadas, que surgiram depois.


Estes estudos históricos têm uma aplicação prática – servem de apoio pedagógico para alunos dos cursos de Licenciatura da Universidade – fundamentando a compreensão e a intervenção na realidade atual. “Ao saberem que a renovação do ensino público em Pernambuco esteve ligada, predominantemente, à sociedade civil, os alunos/professores sentem-se desafiados e estimulados. Percebem que precisam caminhar juntos, conquistando e envolvendo seus pares, em torno de projetos que venham ao encontro de anseios coletivos”, diz a pesquisadora.