Tese
de doutorado reconstrói a história da educação de PE
Caracterizar as relações entre educação e modernidade, pela análise
das inovações educacionais introduzidas no ensino público em Pernambuco,
entre 1920 e 1937, é o que propõe a tese de doutorado em História,
da professora Lêda Rejane Accioly Sellaro. Com este estudo, ela
busca reconstruir momentos significativos da História da Educação
em Pernambuco, em meio às transformações econômicas, políticas
e sócio-culturais que marcaram a 1.ª República.
Em Educação e Modernidade em Pernambuco – inovações no ensino
público (1920/1937), a pesquisadora enfoca um período histórico
que se caracteriza pela aceleração da industrialização e da transição
da sociedade oligárquico-rural para a urbano-industrial. Modernizar
era sinônimo de incorporar o modo capitalista de produção, com todas
as implicações decorrentes, entre as quais, destaca a redefinição
das estruturas de poder e das formas de pensar e encarar a realidade.
“A situação refletiu-se no multifacetado conceito de modernidade
que constituiu o imaginário social da época, perceptível no movimento
modernista pernambucano, marcado pela tradição e pelo regionalismo;
e, talvez por isso, capaz de repensar a cultura local
sem cair na simples reprodução de modelos externos”, diz
Lêda Sellaro. Ela afirma que “os processos decorrentes do
projeto de construção da nação brasileira ligaram-se, predominantemente,
à sociedade civil, sob a influência de personalidades que equacionaram
e enfrentaram problemas sociais recorrentes, principalmente nas
áreas da educação e da saúde”. A reforma educacional de
1923, realizada pelo professor Ulysses Pernambucano, é considerada
o marco definidor do processo de renovação do ensino público em
nosso estado, por ter lançado os fundamentos psicológicos da concepção
humanista moderna de educação, com base no ideário da Escola Nova.
“As inovações refletiam o respeito pelas diferenças individuais
e a preocupação com as condições sociais dos alunos. Outra iniciativa
pioneira – a classe para o atendimento de crianças excepcionais
– deu origem às escolas especializadas, que surgiram depois.
Estes estudos históricos têm uma aplicação prática – servem
de apoio pedagógico para alunos dos cursos de Licenciatura da
Universidade – fundamentando a compreensão e a intervenção
na realidade atual. “Ao saberem que a renovação do ensino
público em Pernambuco esteve ligada, predominantemente, à sociedade
civil, os alunos/professores sentem-se desafiados e estimulados.
Percebem que precisam caminhar juntos, conquistando e envolvendo
seus pares, em torno de projetos que venham ao encontro de anseios
coletivos”, diz a pesquisadora.
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