Estudo
avalia efeito do álcool em diabéticos
Os cientistas já discutem, há alguns anos, os benefícios
que o consumo moderado de álcool teria na redução
de doenças cardiovasculares. A discussão já
teria, inclusive, alterado a relação de algumas
pessoas com a bebida. Mas, quais seriam as conseqüências
desse consumo em uma pessoa com a saúde debilitada, pela
diabetes, por exemplo?
Partindo desse ponto, um grupo formado por
nutricionistas e estudantes do curso de Nutrição
da UFPE, liderados pela professora Maria Goretti Burgos, pesquisou
os efeitos do álcool em 757 pacientes do Ambulatório
de Nutrição em Diabetes do Hospital das Clínicas
e também do posto de saúde Gouveia de Barros, da
Prefeitura do Recife.
De acordo com o estudo, apenas uma parcela
de 20% dos pacientes bebe. Desse total, 80% são homens,
na faixa etária dos 60 anos, que consomem até duas
cervejas em festas e nos finais de semana. Segundo a pesquisa,
a maioria dos pacientes estudados passou a beber ou a fazê-lo
em maior quantidade a partir do conhecimento das pesquisas divulgadas
na grande imprensa que mostravam os benefícios do álcool
ao coração. Em pessoas portadoras de diabetes, o
consumo da bebida deve ser cauteloso, podendo inclusive agravar
doenças pré-existentes como metabólicas,
mentais ou levar o paciente ao alcoolismo.
Essa mudança de hábito teria
sido determinante também para o aumento do número
de casos de câncer, como o de boca, intestino e pâncreas,
que têm uma forte ligação com a bebida. “Por
isso, nós estamos muito preocupados com a televisão,
o jornal e as revistas que dizem que beber faz bem à saúde,
pois as Sociedades Brasileira e Americana de Cardiologia não
indicam, em hipótese nenhuma, o uso de bebidas alcoólicas
para reduzir mortes causadas por acidentes cardiovascular”,
alerta Goretti Burgos.
“Esse estudo foi feito para saber se
nossos pacientes estavam bebendo, o tipo de bebida consumida e
em que condições isso era feito para, a partir dos
resultados, orientá-los sobre esse consumo”, explica
Goretti Burgos. “O trabalho foi uma preocupação
nossa com os pacientes atendidos em nosso ambulatório,
por isso realizamos a pesquisa de forma mais informal possível.
Tínhamos que usar de todo o tato, pois nem todo paciente
gosta de dizer que bebe”, diz a estudante Sílvia
Alves da Silva, uma das pesquisadoras.
PREJUÍZOS – Mas o consumo de
álcool seria prejudicial a esse pacientes? A pesquisadora
diz que somente se a pessoa não usar medicamentos que afetem
o sistema nervoso, como calmantes, ou não tenha o hábito
de beber diariamente. Apenas os pacientes mais jovens poderiam
usufruir o álcool, mas sem exageros.
|