Ano VIII - Nº 102 - Julho/2002










 

Estudo avalia efeito do álcool em diabéticos

Os cientistas já discutem, há alguns anos, os benefícios que o consumo moderado de álcool teria na redução de doenças cardiovasculares. A discussão já teria, inclusive, alterado a relação de algumas pessoas com a bebida. Mas, quais seriam as conseqüências desse consumo em uma pessoa com a saúde debilitada, pela diabetes, por exemplo?

Partindo desse ponto, um grupo formado por nutricionistas e estudantes do curso de Nutrição da UFPE, liderados pela professora Maria Goretti Burgos, pesquisou os efeitos do álcool em 757 pacientes do Ambulatório de Nutrição em Diabetes do Hospital das Clínicas e também do posto de saúde Gouveia de Barros, da Prefeitura do Recife.

De acordo com o estudo, apenas uma parcela de 20% dos pacientes bebe. Desse total, 80% são homens, na faixa etária dos 60 anos, que consomem até duas cervejas em festas e nos finais de semana. Segundo a pesquisa, a maioria dos pacientes estudados passou a beber ou a fazê-lo em maior quantidade a partir do conhecimento das pesquisas divulgadas na grande imprensa que mostravam os benefícios do álcool ao coração. Em pessoas portadoras de diabetes, o consumo da bebida deve ser cauteloso, podendo inclusive agravar doenças pré-existentes como metabólicas, mentais ou levar o paciente ao alcoolismo.

Essa mudança de hábito teria sido determinante também para o aumento do número de casos de câncer, como o de boca, intestino e pâncreas, que têm uma forte ligação com a bebida. “Por isso, nós estamos muito preocupados com a televisão, o jornal e as revistas que dizem que beber faz bem à saúde, pois as Sociedades Brasileira e Americana de Cardiologia não indicam, em hipótese nenhuma, o uso de bebidas alcoólicas para reduzir mortes causadas por acidentes cardiovascular”, alerta Goretti Burgos.

“Esse estudo foi feito para saber se nossos pacientes estavam bebendo, o tipo de bebida consumida e em que condições isso era feito para, a partir dos resultados, orientá-los sobre esse consumo”, explica Goretti Burgos. “O trabalho foi uma preocupação nossa com os pacientes atendidos em nosso ambulatório, por isso realizamos a pesquisa de forma mais informal possível. Tínhamos que usar de todo o tato, pois nem todo paciente gosta de dizer que bebe”, diz a estudante Sílvia Alves da Silva, uma das pesquisadoras.

PREJUÍZOS – Mas o consumo de álcool seria prejudicial a esse pacientes? A pesquisadora diz que somente se a pessoa não usar medicamentos que afetem o sistema nervoso, como calmantes, ou não tenha o hábito de beber diariamente. Apenas os pacientes mais jovens poderiam usufruir o álcool, mas sem exageros.