Turismo interiorano
está em alta
Estudantes
de Turismo da UFPE estão levantando as rotas alternativas
nas cidades do Interior do Estado e oferecem serviços para
prefeituras diagnosticar o potencial turístico
Clécio
Vidal
Alunos dos 1o e 2o períodos do curso
de Turismo da UFPE estão mobilizados para causar um “êxodo
urbano” na Região Metropolitana do Recife. Não
se trata de uma revolta, mas sim da análise de rotas de
turismo alternativas para o Grande Recife, que revelem o potencial
da zona rural e de cidades do interior. A iniciativa gerou um
convênio com a Prefeitura de Bom Conselho (Agreste), para
avaliação da oferta turística da cidade.
Os dados obtidos são apresentados, semestralmente, na Feira
do Empreendedor Turístico e Hoteleiro, e divulgados no
site www.feth.kit.net
O trabalho dos estudantes consiste em elaborar
diagnósticos com informações sobre acessibilidade,
distâncias, dificuldades de sinalização e
roupas dos atendentes entre outros itens, sempre verificando a
melhor forma de oferecer conforto e de reduzir os impactos do
turismo sobre a natureza. Eles orientaram a administração
de Bom Conselho sobre a necessidade de melhorar a oferta de transporte
e de estimular o turismo ecológico além do religioso,
já praticado.
A coordenadora do projeto, a professora Gislane
Rocha, explica que o trabalho (realizado de forma pioneira com
alunos recém-chegados ao curso de Turismo da UFPE) é
um impulso para a realização de pesquisas que sistematizem
dados sobre a zona rural, que vem se tornando foco do interesse
turístico, principalmente de visitantes estrangeiros.
RARIDADE – Uma das raridades encontradas,
por exemplo, no sítio Embaúba, que fica no município
de Cabo de Santo Agostinho, é a presença de 107
espécies de aves concentradas em apenas dez hectares. “Uma
coisa dessas não pode ser vista em lugar algum da Europa.
Por isso, o sítio Embaúba é visitado principalmente
por alemães e ingleses, em particular, estudantes de Ecologia”,
explica.
De acordo com Tércio Netto, guia turístico
e dono do sítio Embaúba, esse lugar propicia a ecologistas
e a turismólogos a chance de estudar formas de aliar a
satisfação dos visitantes (construção
de pousadas, por exemplo) à manutenção do
equilíbrio ecológico, por meio do controle da abertura
de trilhas e da revitalização da mata nativa.
A professora diz que o que vem atraindo os
turistas é a possibilidade de eles se “transportarem”
para um cotidiano completamente distinto do deles. “Eles
querem entrar em contato com atividades simples como a ordenha
de leite ou o trabalho em barro e saber como elas se inserem na
vivência das pessoas naturais dessas regiões”,
diz. Uma das estratégias detectadas pelos estudantes para
aumentar o potencial turístico dessas regiões é
proporcionar aos visitantes a chance de aproveitar o clima agradável
e a bonita paisagem para ter aulas de desenho e pintura em cerâmica.
O artista plástico Renildo Silva, por
exemplo, ensina a desenhar estimulando a pessoa a utilizar o lado
direito do cérebro, que trabalha a associação
inconsciente das formas. “A preocupação excessiva
com a lógica, na hora de desenhar, trava o desempenho”,
conta. Em outras oficinas, se aprende a andar em pernas-de-pau
e a fazer o pau-de-chuva, instrumento que os índios tocavam
durante rituais para chamar a chuva, e que produz um som semelhante
a ela.
A aluna Janine Ferreira afirma que esta forma
de turismo é cativante. “Aqui podemos fugir da rotina
urbana e praticar atividades simples, porém estimulantes”,
diz. Os estudantes da Universidade visitam também lugares
fora de Pernambuco como o Vale do Catimbau – que fica na
Paraíba e é conhecido pela arte rupestre –
e Pirambu, em Aracaju, onde biólogos ajudam tartarugas
marinhas a se reproduzir.
Os alunos também estão
sugerindo roteiros de turismo para a zona urbana em esferas como
a do turismo religioso, de saúde (que verifica a possibilidade
do turista encontrar atividades como o Reiki e a meditação)
e de manifestações populares. A aluna Leilane Pinto
do 1o período construiu um roteiro com visitas a comunidades
como Bomba do Hemetério e Santo Amaro para assistir a espetáculos
como o Boi Teimoso, os Caboclinhos Canindés e o Pastoril
Estrela D’alva.
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