Ano VIII - Nº 105 - Outubro/2002












 

Estudos apontam resultados positivos de programa federal

O A recente história do município de Vicência – localizado a 87 km do Recife, na região da Zona da Mata Norte – pode ser informalmente dividida em dois períodos: antes e depois da implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), programa implantado pelo Governo Federal, sob gerenciamento do Governo do Estado. É o que concluiu a pedagoga Maria Lúcia Soares da Silva, autora da tese de mestrado em Educação Política Educacional e Poder Local na Cidade de Vicência: Repercussões do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

Quando foi implantado em Vicência, em agosto de 1998, o Peti atendia a 324 alunos. Em 2000 o programa já beneficiava 1.680 estudantes. “Em primeiro lugar, gostaríamos de descobrir o que estava acontecendo no município, com a esperança que os outros melhorassem também. Então eu escolhi o Peti porque era um programa que foi um diferencial”, explica a pesquisadora.

A pesquisa foi realizada no período de 2000 a 2002, sendo necessária a realização de um estudo dos anos de 1997 a 2000, abrangendo um período anterior à implantação do projeto. Segundo a pesquisadora, o diferencial do trabalho realizado em Vicência para o de outros municípios foi o aproveitamento do Peti na área educacional, além da econômica. Em Vicência, cada instância cuidou de sua atribuição. “Com isso, tentou-se organizar o desenvolvimento do município. Os pais eram analfabetos e voltaram a estudar, inclusive os funcionários, professores e a prefeita também. Isso me levou a ter interesse por pesquisar este município”, conta Maria Lúcia.

O programa também mudou a forma de os habitantes do município lidarem com o dinheiro, que passou a ser investigado na criação de cooperativas, na fabricação de doces e no turismo, entre outras atividades. Com o programa, cada família chega a receber até R$ 50,00 por mês para que as crianças possam ser retiradas do trabalho – a maioria, da cana-de-açúcar – e voltar a freqüentar a escola. Há dois horários, um convencional e um complementar (o do Peti), em que são realizadas atividades recreativas, aulas profissionalizantes, aulas de reforço ou pesquisas.

“Houve uma melhoria muito grande no município, tanto quantitativa quanto qualitativamente com a implantação do Peti, além de ter ajudado na valorização da auto-estima desses alunos”, afirma a pedagoga. “O município está tentando fazer com que as pessoas ganhem amor por aquela terra, queiram trabalhar e fiquem lá. Isso fará com que o município cresça”, diz Maria Lúcia.