Ano VIII - Nº 109 - Fevereiro/2003














 

Itambé: mais perto da Universidade

Projeto elaborado pela Universidade e a Prefeitura de Itambé prevê a implantação de programas que vão gerar renda e melhor qualidade de vida para os moradores

Rogério Medeiros

O Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social da UFPE (Nusp/UFPE) está comemorando um ano de trabalhos no município pernambucano de Itambé. Um grupo de técnicos do Nusp chegou à cidade em fevereiro de 2002 para implantar um programa de planejamento participativo e de organização social, com o nome de Cidades Saudáveis.

O projeto já vinha sendo planejado há dois anos, quando o Núcleo enviou suas principais diretrizes para a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica). “Ao mesmo tempo”, contextualiza Ronice Franco, uma das coordenadoras do projeto, “fomos procurados pelo então prefeito de Itambé, que pediu apoio para um trabalho social. O que ele desejava também estava contemplado no Cidades Saudáveis”.

Para viabilizar o projeto-piloto, o apoio do Ministério da Saúde foi muito importante. O papel do Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social em Itambé é discutir com as diversas camadas da sociedade os principais problemas da comunidade e produzir uma agenda de propostas de trabalho, que está prevista para ficar pronta em abril. A agenda será um instrumento de negociação para angariar recursos junto aos governos federal e estadual. “O objetivo é criar projetos que gerem renda aos cidadãos e proporcionem acesso à habitação, abastecimento de água e lazer. É isso que faz uma cidade saudável”, explica Socorro Veloso, da equipe do Nusp.

Para começar seus trabalhos, os técnicos dividiram o município em 19 núcleos, juntando as comunidades que apresentavam urgências semelhantes. A equipe do Núcleo passa normalmente de 15 a 20 dias por mês em Itambé, reunindo-se com sindicatos, políticos e associações para construir um diagnóstico dos problemas enfrentados pelos moradores.

Também são formados grupos de apoio com os cidadãos para dar sustentação ao projeto e para que o trabalho continue mesmo sem a presença do Nusp. Com a agenda pronta, o próximo passo será procurar vários departamentos da UFPE que podem ajudar na superação das diferentes necessidades do município. Representantes de várias instituições já estão participando das reuniões de futuros parceiros para os projetos, entre eles o Banco do Nordeste, Sebrae, Sudene, Imip e a Prefeitura do Recife.

EDUCAÇÃO SEXUAL - Embora a agenda de propostas deva ficar pronta apenas em abril, alguns pontos mereceram maior atenção e uma atuação imediata. Um exemplo disso é o projeto que está sendo feito com os adolescentes de Caricé, um dos distritos de Itambé.

Uma equipe de alunos da UFPE, liderada por Socorro Freire, uma das coordenadoras do Cidades Saudáveis, vai à comunidade uma vez por semana para dar informações e conversar sobre educação sexual, além de oferecer alternativas de lazer. O projeto, financiado pelo Unicef, também procura dar capacitação artística aos jovens da comunidade e tem como objetivo final transformá-los em agentes multiplicadores, para espalharem essas informações às crianças mais novas.

Comunidade se mobiliza e busca parcerias para resolver problemas

Para o prefeito de Itambé, Renato Ribeiro, o projeto Cidades Saudáveis está conseguindo mobilizar toda a comunidade em torno da identificação dos problemas do município, o chamado autodiagnóstico. Na próxima fase do programa, serão selecionados os principais problemas e discutidas as possíveis soluções.

Neste momento, será a hora de buscar parcerias com instituições e outras instâncias governamentais para ajudar na implementação das soluções. “Esta é uma iniciativa muito interessante, baseada num trabalho sério”, afirma o prefeito, que administra um município onde residem 35 mil pessoas, situado na Zona da Mata Norte. A economia de Itambé, município eqüidistante a Recife, João Pessoa e Campina Grande, está baseada no cultivo da cana-de-açúcar. A importância histórica de Itambé reside no fato de a cidade ser o berço da maçonaria brasileira.