Itambé: mais
perto da Universidade
Projeto
elaborado pela Universidade e a Prefeitura de Itambé prevê
a implantação de programas que vão gerar
renda e melhor qualidade de vida para os moradores
Rogério
Medeiros
O Núcleo de Saúde
Pública e Desenvolvimento Social da UFPE (Nusp/UFPE) está
comemorando um ano de trabalhos no município pernambucano
de Itambé. Um grupo de técnicos do Nusp chegou à
cidade em fevereiro de 2002 para implantar um programa de planejamento
participativo e de organização social, com o nome
de Cidades Saudáveis.
O projeto já vinha sendo planejado
há dois anos, quando o Núcleo enviou suas principais
diretrizes para a Agência Japonesa de Cooperação
Internacional (Jica). “Ao mesmo tempo”, contextualiza
Ronice Franco, uma das coordenadoras do projeto, “fomos
procurados pelo então prefeito de Itambé, que pediu
apoio para um trabalho social. O que ele desejava também
estava contemplado no Cidades Saudáveis”.
Para viabilizar o projeto-piloto, o apoio
do Ministério da Saúde foi muito importante. O papel
do Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento
Social em Itambé é discutir com as diversas camadas
da sociedade os principais problemas da comunidade e produzir
uma agenda de propostas de trabalho, que está prevista
para ficar pronta em abril. A agenda será um instrumento
de negociação para angariar recursos junto aos governos
federal e estadual. “O objetivo é criar projetos
que gerem renda aos cidadãos e proporcionem acesso à
habitação, abastecimento de água e lazer.
É isso que faz uma cidade saudável”, explica
Socorro Veloso, da equipe do Nusp.
Para começar seus trabalhos, os técnicos
dividiram o município em 19 núcleos, juntando as
comunidades que apresentavam urgências semelhantes. A equipe
do Núcleo passa normalmente de 15 a 20 dias por mês
em Itambé, reunindo-se com sindicatos, políticos
e associações para construir um diagnóstico
dos problemas enfrentados pelos moradores.
Também são formados grupos de
apoio com os cidadãos para dar sustentação
ao projeto e para que o trabalho continue mesmo sem a presença
do Nusp. Com a agenda pronta, o próximo passo será
procurar vários departamentos da UFPE que podem ajudar
na superação das diferentes necessidades do município.
Representantes de várias instituições já
estão participando das reuniões de futuros parceiros
para os projetos, entre eles o Banco do Nordeste, Sebrae, Sudene,
Imip e a Prefeitura do Recife.
EDUCAÇÃO SEXUAL - Embora a agenda
de propostas deva ficar pronta apenas em abril, alguns pontos
mereceram maior atenção e uma atuação
imediata. Um exemplo disso é o projeto que está
sendo feito com os adolescentes de Caricé, um dos distritos
de Itambé.
Uma equipe de alunos da UFPE, liderada por
Socorro Freire, uma das coordenadoras do Cidades Saudáveis,
vai à comunidade uma vez por semana para dar informações
e conversar sobre educação sexual, além de
oferecer alternativas de lazer. O projeto, financiado pelo Unicef,
também procura dar capacitação artística
aos jovens da comunidade e tem como objetivo final transformá-los
em agentes multiplicadores, para espalharem essas informações
às crianças mais novas.
Comunidade se mobiliza e
busca parcerias para resolver problemas
Para o prefeito de Itambé, Renato Ribeiro,
o projeto Cidades Saudáveis está conseguindo mobilizar
toda a comunidade em torno da identificação dos
problemas do município, o chamado autodiagnóstico.
Na próxima fase do programa, serão selecionados
os principais problemas e discutidas as possíveis soluções.
Neste momento, será a hora de buscar
parcerias com instituições e outras instâncias
governamentais para ajudar na implementação das
soluções. “Esta é uma iniciativa muito
interessante, baseada num trabalho sério”, afirma
o prefeito, que administra um município onde residem 35
mil pessoas, situado na Zona da Mata Norte. A economia de Itambé,
município eqüidistante a Recife, João Pessoa
e Campina Grande, está baseada no cultivo da cana-de-açúcar.
A importância histórica de Itambé reside no
fato de a cidade ser o berço da maçonaria brasileira.
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