Ano VIII - Nº 90 - Outubro/2001












 

Projeto recebe apoio de ONGs

Lixo transformado em arte. No início do século XX, esta frase soaria como um manifesto dadaísta, uma pregação a favor da destruição da arte e dos valores tradicionais da sociedade. Mas para a Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste da UFPE (Cecine), é possível fazer arte com o lixo, desde que este seja reciclado. A Cecine tem encampado essa idéia desde 1997, através de oficinas de reciclagem de papel e reutilização do material obtido para a confecção de cartões, caixinhas de presente e outros objetos de arte, para crianças das escolas públicas do Recife.

O programa está sendo agora ampliado, graças a um protocolo de intenções definido em conjunto com a Associação Pernambucana de Proteção à Natureza, a Agência Canadense para Desenvolvimento Internacional (Acida) e a ONG canadense Action-Rebuts. Como resultado desta parceria, o programa vai receber do Canadá U$ 75 mil. A Coordenadoria prevê o cumprimento total de seus objetivos para o primeiro semestre do ano que vem.

Com a verba, a Cecine pretende implantar um laboratório de treinamento de compostagem do lixo, no campus da Universidade, destinado a toda a comunidade. "Planejamos tornar este laboratório uma unidade capaz de atender o Recife e outros lugares de Pernambuco. Pretendemos trabalhar com o reaproveitamento de outros resíduos, além do papel", afirma Stela do Nascimento, uma das coordenadoras do projeto. Outro passo da Cecine está sendo a negociação de uma parceria com o Centro de Artes e Comunicação (CAC) e o Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) visando a expandir as ações de educação e de proteção do meio ambiente realizadas pelo programa.

Segundo ela, o apoio do CTG será importante para a utilização das tecnologias de tratamento de resíduos desenvolvidas pelo Centro. "O CAC, particularmente o Departamento de Design, vai contribuir com o conhecimento sobre o projeto e a qualidade de produtos feitos com o lixo reaproveitado", conta Stela do Nascimento.

A Cecine é pioneira no desenvolvimento de trabalhos que associam reciclagem ao desenvolvimento de habilidades artísticas das crianças. Este pioneirismo é reconhecido, internacionalmente, por instituições como o Unicef. "Nosso trabalho não é somente reciclar o lixo, mas também promover uma articulação entre escolas, instituições políticas e comunidade, além do desenvolvimento econômico, já que o reaproveitamento de recursos é crucial para a eficiência produtiva", explica a coordenadora.