Laboratório
amplia linha de ação
O novo laboratório didático
pedagógico, do Centro de Tecnologia e Geociências,
cria cristal de quartzo graças a uma serra de corte preciso
e um lapidador
Anderson Lima
Em menos de dois meses de funcionamento,
o Laboratório Didático Pedagógico de Difração
e Espalhamento de Raios X, do Departamento de Engenharia Mecânica
da UFPE, já apresenta resultados.
Para otimizar as imagens captadas
pelo aparelho de difração, os técnicos do
LDP imaginaram um cristal de quartzo que fosse lapidado de tal
forma que filtrasse e concentrasse os Raios X emitidos pela máquina.
Antes disso, porém, foi necessário dar forma às
máquinas que tornariam isso possível.
Foi quando entraram em ação
os esforços dos alunos de iniciação científica
Allan Arlem e Cláudio Sérgio, ambos de Engenharia
Mecânica e responsáveis pela construção
dos equipamentos que deram origem ao cristal: um serra de corte
preciso e um lapidador.
A técnica dos pernambucanos
na criação do cristal, inédita no País,
deixou surpresos até mesmo os profissionais do Laboratório
Sínclotron da Universidade de Campinas (Unicamp), que ainda
utilizavam o silício na captação de imagens.
Com isso, o laboratório tem
atuado em duas frentes no que diz respeito ao quartzo. Uma é
quanto à melhoria dos produtos relacionados ao cristal.
A outra diz respeito ao desenvolvimento dos equipamentos que o
utilizam, como o existente no próprio laboratório
da UFPE.
Pesquisadores do laboratório,
junto com os de Eletrônica, pretendem desenvolver um sensor
feito de quartzo. Sua aplicação será vasta,
desde na detecção de bactérias, aromas e
CO2. O próprio Laboratório de Imunopatologia Keizo
Asami (Lika) está interessado nessa tecnologia.
O trabalho com o quartzo está
incluído nas frentes de trabalho procuradas pelos técnicos
do LDP. Além da área de análise com a difração
de Raios X, há ainda trabalhos na área do gesso
e das escórias, os resíduos sólidos das indústrias.
Quanto ao gesso, o laboratório
tem um projeto junto ao CNPq, com o apoio da Secretaria da Ciência,
Tecnologia e Meio Ambiente, visando à melhoria do material
produzido no pólo gesseiro do Estado. "Este é
um tipo de indústria que se beneficiará bastante
com a técnica dos Raios X", diz o responsável
pelo laboratório, o professor Armando Shinohara. "Se
o pólo gesseiro não inovar, não melhorar
o produto, estará com os dias contados", sentencia
ele.
Já na parte de resíduos
sólidos, os responsáveis pelo laboratório
já entraram em contato com a Companhia Siderúrgica
Paulista (Cosipa) numa tentativa de agregar valor a esses rejeitos.
A proposta é fazer a escória reagir com o gás
carbônico (responsável pelo efeito estufa e existente
em sobra nas indústrias) produzindo daí recifes
artificiais. A iniciativa é pioneira no País e irá
beneficiar o mangue da cidade paulista de Cubatão, local
de destino dos cerca de 30% de escória produzida que não
podem ser aproveitados pela indústria de cimento.
INTERAÇÃO -
O aparelho de difração, doado pela Unicamp, vem
se unir aos outros LDPs já existentes no CTG. Ele utiliza
uma idéia similar ao dos aparelhos de Raios X, tão
comuns em hospitais, diferindo, porém, no fenômeno
de interação entre os átomos da substância
analisada.
Ele é utilizado para se obter
imagens de defeitos existentes nos cristais que compõem
o material. "A gente tem que saber o que está ocorrendo
internamente, o que é muito difícil a olho nu. Com
os Raios X, é possível saber se o método
utilizado para a melhoria do cristal está indo na direção
que nos interessa", explica o professor Shinohara.
Além do próprio curso
de Engenharia Mecânica, fazem uso do Laboratório
os Departamentos de Engenharia de Minas, Elétrica e Engenharia
Civil, localizados no Centro de Tecnologia e Geociências,
onde está instalado o equipamento. Juntam-se a esse rol
os Departamentos de Física, Química, Nutrição
e Farmácia. Atualmente, o laboratório é composto
por 15 pessoas, envolvendo alunos e professores do Mestrado, Doutorado
e Iniciação Científica.
Serviço
Laboratório Didático Pedagógico de Difração
e Espalhamento de Raios X
Fone: 3271.8230 ramal 238
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