Ano VIII - Nº 90 - Outubro/2001












 
Energia solar beneficia comunidades rurais

Programa de utilização de energia solar melhora qualidade de vida das comunidades dos Sítios Bom Sucesso e do Monte Alegre, no sertão de Pernambuco

Margot Dourado

O Núcleo de Apoio a Projetos de Energias Renováveis (Naper) desenvolveu o Programa Água do Sol, que consiste na utilização da energia solar para bombear água com fins de microirrigação em comunidades rurais do semi-árido. O projeto foi implantado em Afogados da Ingazeira (Sítio Bom Sucesso) e Ingazeira (Sítio Monte Alegre), cidades do sertão de Pernambuco.

O objetivo do Água do Sol é melhorar a qualidade de vida dos agricultores do semi-árido, que através do aumento da produção terão acesso a uma melhor alimentação e também a uma pequena renda obtida com o cultivo e a comercialização de frutas.

O programa é composto por quatro tecnologias diferentes: bombeamento solar de água, reservatório do tipo placas, sistema de irrigação localizada e cultivo de culturas apropriadas. Foi desenvolvido para regiões que têm como características escassez de água, má distribuição da rede de energia elétrica e altos índices de insolação (em torno de 3 mil horas por ano de brilho solar).

A primeira etapa do projeto consiste em bombear a água de pequenos poços, denominados cacimbões e amazonas, utilizando a energia solar que será convertida em elétrica através de módulos e placas fotovoltaicas. O sistema de bombeamento é formado por uma moto-bomba (pode ser superficial, imersa ou flutuante), acionada por motores de corrente contínua ou alternada. A configuração do sistema de bombe-amento deve ser montada de acordo com as condições hidráulicas da fonte de água e da quantidade de energia elétrica fornecida pelos módulos fotovoltaicos. Daí, então, a água é armazenada em reservatórios construídos com a tecnologia tipo placas e com capacidade de 5 mil a 4 mil litros.

Posteriormente, a água armazenada é usada na irrigação de pequenas áreas (inferiores a um hectare), através do método xique-xique, ou seja, a água é levada por microcanos ao pé da planta, o que evita desperdícios e a evaporação. Depois, escolhe-se as espécies mais apropriadas para serem plantadas e os espaços que serão destinados à agricultura de subsistência como, por exemplo, milho e feijão e a comercializar frutas em geral.

O custo total de instalação do Projeto Água do Sol é de R$ 5 mil. Tem o apoio das ONGs Centro de Apoio a Projetos de Energias Renováveis e Sociedade Civil de Caráter Público (Diaconia), além do Programa Universidade Solidária. O projeto está sendo submetido à seleção do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social e já passou na primeira etapa, ficando entre os 128 melhores projetos sociais do Brasil.

Energia solar é usada em outdoors

O Núcleo de Apoio a Projetos de Energia Renováveis, em parceria com o Centro de Estudos e Projetos de Energia Renováveis, desenvolveu um outdoor, tipo frontlight, movido a energia solar.

Os objetivos principais da pesquisa são viabilizar o funcionamento de painéis luminosos durante a crise energética e tornar a tecnologia solar mais conhecida e utilizada. O projeto faz parte do programa de aplicação da energia solar fotovoltaica em áreas urbanas e é coordenado pelo professor Heitor Scalambrini Costa.

O sistema funciona a partir da conversão da energia solar em elétrica, através da instalação de módulos fotovoltaicos sob o outdoor. A radiação solar, incidindo nesses equipamentos, gera eletricidade e esta será armazenada em um conjunto de baterias. A energia produzida durante o dia alimentará as lâmpadas e refletores à noite, e assim o outdoor funcionará normalmente no período noturno.