Feijão pode auxiliar
a identificar células tumorais
Encontrado no Sertão de Pernambuco,
o feijão camaratu, cientificamente chamado de Cratylia
mollis, pode ajudar a identificar células tumorais. Essa
e outras propriedades do vegetal serviram como objeto de pesquisa
para a professora Ana Célia, do doutorado do Centro de
Ciências Biológicas.
Desde 1984, pesquisadores liderados
pela professora Luana Coelho estudam o camaratu, observando principalmente
as lectinas (grupo de proteínas que reconhecem carboidratos
e têm envolvimento nos mecanismos de defesa do organismo,
entre outras funções). O feijão camaratu
não é cultivado, mas brota espontaneamente no solo,
sendo utilizado pelos sertanejos como alimento para o gado. Como
o feijão resiste a grandes períodos de seca, nessa
época a vagem do vegetal é utilizada também
para a alimentação humana. A pesquisadora fez um
estudo sobre as propriedades nutricionais do camaratu e observou
que a sua composição é muito semelhante à
do feijão macáçar.
Dessa forma, se aliado a algumas
técnicas de cultivo, o feijão camaratu pode vir
a ser uma forma alternativa de obtenção de proteínas
para os seres humanos. Durante a pesquisa, três tipos de
lectinas foram observadas, no camaratu. Dentre elas, a Lectina
1 ( ISO 1) que serve para a marcação de superfície
de células tumorais, como as do câncer de mama e
de colo do útero.
NASA - Um grupo de pesquisadores
da Nasa (Agência Aeroespacial Norte-Americana) levou a lectina
ISO 1 do feijão camaratu, juntamente com outras proteínas,
para pesquisas fora da atmosfera. E foi justamente a lectina do
camaratu que melhor cristalizou-se no espaço. Esse resultado
rendeu uma nova pesquisa para a ISO 1 do feijão. Pesquisadores
da USP e da UFPE estão fazendo o seqüencia-mento da
lectina para explicar por que motivo ela cristalizou-se tão
bem fora da atmosfera.
Segundo a pesquisadora, a lectina
cristalizada está em seu estado mais puro e a cristalização
é importante porque permitirá saber com precisão
como cada proteína exerce sua função, além
de aprender como a natureza cria possibilidades para efetuar os
processos vitais. As proteínas são a chave de todos
os processos biológicos que compõem a vida, tornando-se
essencial conhecer de perto sua estrutura interna. O resultado
da pesquisa deve ser divulgado no próximo ano.
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