Alunos atuam
no atendimento a presos
Margot Dourado
Estudantes do curso de Direito da
UFPE participam de projeto de assistência a detentos do
Estado. A idéia é adquirir maior experiência
profissional, além de contribuir com a sociedade
O Diretório da Faculdade de
Direito, a Superintendência do Sistema Penitenciário
de Pernambuco (Susi-pe) e a Defensoria Pública do Estado
desenvolvem um programa de prestação de assistência
judiciária aos detentos do Presídio Aníbal
Bruno e das penitenciárias Agrícola de Itamaracá
( PAI) e Barreto Campelo. Os alunos, sempre auxiliados pelos advogados
das instituições, têm a função
de atender os presos, analisar seus processos e procurar soluções
jurídicas para beneficiá-los
Os estudantes de Direito, que já
podem participar do projeto a partir do primeiro período,
acreditam que, além de servir para aquisição
de experiência e vivência profissional, o programa
é importante por se tratar de uma maneira de devolver à
sociedade o investimento feito por meio do ensino público
e gratuito. "Somos alunos de uma instituição
pública, custeada pela sociedade. Nada mais justo que a
universidade atue na sociedade tentando suprir áreas que
tenham carência de profissionais, como é o caso do
sistema penitenciário", afirma Carlos Roichman, secretário
geral do diretório acadêmico. O projeto foi iniciado
há apenas dois meses, mas os benefícios já
podem ser notados. No caso do Aníbal Bruno, com o auxílio
dos estudantes, o número de processos analisados e resolvidos
teve um acréscimo de 150 por semana. Também foi
ampliado em 90% o número de casos em que o preso tinha
direito a algum benefício, como o livramento condicional.
Os alunos se dividem em grupos de
seis pessoas que visitam as prisões duas vezes por semana.
"O que dificulta é a falta de condições
de trabalho. Temos apenas um computador, não há
máquina de xerox, nem livros e códigos penais. A
sala é mínima e assim alguns alunos precisam trabalhar
em pé", reclama Mirella Dantas, coordenadora do grupo
de alunos do Aníbal Bruno. O programa está sendo
ampliado, este mês, para o Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico (HCTP), a Colônia Penal Feminina
do Bom Pastor e a Divisão de Atendimento a Egressos e Liberados
(DAEL).
O maior problema da comunidade carcerária,
atualmente, é a superlotação. No Aníbal
Bruno, existem hoje mais de 3.150 presos para apenas cinco advogados,
ou seja, cada um analisa em média 620 processos. Outro
ponto importante para o sucesso do projeto é que, com o
decreto presidencial do fim de ano, período em que os presos
podem ter suas penas amenizadas ou perdoadas, o trabalho nos presídios
vem aumentando e assim os alunos podem vivenciar a realidade da
profissão.
Segundo o diretor geral do Aníbal
Bruno, major Evandro Carvalho, a concretização desse
convênio aumentou a tranqüilidade no presídio,
pois já está constatado que a carência no
setor jurídico de uma prisão revolta ainda mais
o detento. "Com a vinda desses alunos, vários processos,
antes estagnados, estão sendo encaminhados e resolvidos,
o que alivia o clima de tensão. O que posso dizer é
que este programa trouxe apenas benefícios à unidade",
constata o major. Os crimes que são analisados com mais
freqüência são: homicídio qualificado
e simples, roubo e tráfico de drogas.
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