Projeto alia arte
e conscientização
Em parceria
com a Prefeitura do Recife, a UFPE oferece oficinas de artes para
jovens de áreas de riscos de desabamento. O objetivo é
informar sobre medidas preventivas
Juliana Holanda
A Universidade Federal de Pernambuco, em parceria
com a Prefeitura do Recife, está oferecendo aos moradores
de morros e encostas da cidade oficinas de artes com o objetivo
de repassar informações sobre os cuidados necessários
para a redução de riscos de desabamento durante
o inverno. O Projeto Altas Artes funciona há um ano e já
beneficiou 60 jovens do bairro do Ibura. No próximo mês,
as oficinas serão instaladas no Morro da Conceição.
O projeto oferece aulas de grafitagem e mosaico
dirigidas aos jovens. Depois de aprenderem a manejar os spray
de tinta e a fazer desenhos com os cacos de azulejo, os adolescentes
do Ibura estão usando as novas técnicas para decorar
o bairro. Uma das maiores obras é uma escadaria de cerca
de 200 degraus que já se encontra quase inteiramente coberta
por um mosaico. Para Ana Maria Jerônimo, da Comissão
de Defesa Civil do Recife (Codecir), uma das coordenadoras do
projeto, essa é a forma mais eficaz de fazer a população
gostar e cuidar do local onde mora. “Não adianta
fazer reuniões com moradores e informar que não
se deve plantar bananeiras, pois estas encharcam o solo, ou que
não se deve jogar lixo”, afirma ela.
O projeto não beneficia apenas a população
dos morros. Por ser uma atividade de extensão da UFPE,
o Altas Artes é também um projeto pedagógico.
Para os universitários envolvidos, o trabalho nos morros
melhora o aprendizado e lhes dá mais experiência
prática em seu campo de atuação. Maria Luiza
Modesto é uma dessas estudantes. Aluna do 6º período
do curso de Artes Plásticas na UFPE, ela participa do Altas
Artes desde março desse ano como instrutora de mosaico.
“Tem sido maravilhoso me aprofundar na técnica do
mosaico. Como eu vou me formar em Licenciatura, o trabalho está
sendo muito enriquecedor. Estou colocando em prática aquilo
que sempre quis fazer”, explica.
Os benefícios para os jovens que recebem
as aulas também são muitos, segundo a estudante.
Para ela, o trabalho de valorização dos morros pela
arte aumenta a auto-estima dos jovens e serve como terapia. Mas
não é só. De acordo com Ana Maria Jerônimo,
as aulas de grafitagem e de mosaico são uma forma de capacitar
os jovens para o mercado de trabalho. “Além de embelezar
o bairro onde moram, os jovens aprendem uma profissão”,
afirma a coordenadora. Segundo ela, os jovens recebem certificados
do Sindicato dos Artistas de Pernambuco ao terminarem os cursos.
“Alguns já estão tendo retorno financeiro”,
afirma Maria Luiza Modesto. Ela explica que, em cerca de duas
semanas, os jovens dominam as técnicas básicas do
mosaico e começam a trabalhar em obras do morro.
MULTIPLICADORES – Um dos objetivos do
Altas Artes é fazer com que os jovens beneficiados se tornem
multiplicadores, repassando seus conhecimentos para outros moradores.
Para a instrutora, é gratificante saber que quando o projeto
deixar a comunidade do Ibura e se transferir para o Morro da Conceição,
os jovens continuarão a produzir mosaicos. De acordo com
Ana Maria Jerônimo, o Altas Artes irá ampliar suas
ações. Os alvos atualmente são os bairros
de Santa Terezinha e Dois Unidos.
O Altas Artes faz parte do Programa Guarda-Chuva que presta diversos
outros serviços às comunidades de áreas de
risco e que também funciona por meio de uma parceria da
PCR com a UFPE. A parceria prevê que os recursos para a
realização do projeto virão da Prefeitura.
A UFPE disponibiliza profissionais e estudantes das áreas
requisitadas. Desde o início das atividades, já
foi cedida mão-de-obra especializada dos cursos de Turismo,
Serviço Social, Ciências Biológicas, Geografia,
Arquitetura e Comunicação. Ao todo, são 30
estudantes envolvidos, além de professores que coordenam
as ações em cada especialidade.
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