Ano VIII - Nº 102 - Julho/2002











 
UFPE investe na melhoria de biotérios

O local onde são criados os camundongos utilizados como cobaias em pesquisas científicas deve se adequar às rigorosas exigências impostas por legislação própria

Bruna Cruz

Para manter o padrão qualitativo das pesquisas desenvolvidas na UFPE nas áreas de Saúde e Ciências Biológicas, a Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq) está melhorando as condições dos biotérios da instituição. É nos biotérios onde são criados os camundongos, animaizinhos minúsculos que, reza a lenda, fazem até medo aos elefantes, e que ajudam os cientistas a obter vários avanços nos estudos de patologias humanas como o Mal de Parkinson, câncer e doenças cardiovasculares.

Nas últimas décadas, esses roedores são os animais mais utilizados pelos centros de pesquisa na avaliação de novos medicamentos, descrição do funcionamento do organismo e análise da importância de constituintes alimentares por serem parecidos fisiológica e geneticamente com os humanos. Daí a necessidade de que as condições dos biotérios atendam às regras estabelecidas pelos comitês de ética e proteção aos animais para que os estudos realizados possam ter credibilidade e serem validados internacionalmente.

Um diagnóstico realizado recentemente na UFPE pela coordenadora do Biotério Central da Universidade de Buenos Aires, Adela Rosenkranz, detectou que, assim como em outras universidades do Nordeste, os biotérios não apresentam uma padronização na criação e manutenção dos animais, o que pode trazer conseqüências danosas para o resultado final dos estudos. Tomando como base o diagnóstico e as discussões realizadas com os pesquisadores da UFPE, a Propesq começou a se articular com universidades e centros de pesquisa locais e regionais para a formação da Rede Nordeste de Biotérios. “Queremos formar uma rede que atenda ao desenvolvimento de pesquisas na nossa região e contribua para o desenvolvimento das pesquisas nas áreas biológicas e da saúde”, explica a diretora de Pesquisa da Propesq, Helen Khoury.

Além de serem essenciais para a qualidade de vida do homem e para o avanço da ciência, os biotérios dão suporte às pesquisas de caráter pedagógico, tanto em nível de graduação, como de pós-graduação. A atividade experimental com camundongos faz parte da rotina das aulas práticas e constituem a base da compreensão dos temas desenvolvidos nas aulas teóricas.

A publicação de trabalhos científicos em revistas especializadas requer uma declaração informando que os estudos foram realizados de acordo com os requisitos das legislações publicadas por autoridades nacionais e internacionais. As exigências relativas aos biotérios variam desde o alojamento apropriado, alimentação e condições ambientais adequadas de higiene, ventilação e iluminação, à capacitação dos profissionais envolvidos no manejo dos animais.

Universidade vai sediar encontro regional sobre o tema em agosto

“Precisamos aprimorar nossas condições de trabalho para que nossas pesquisas se tornem mais competitivas”. As palavras da diretora de Pesquisa da Propesq, Helen Khoury, traduzem o principal objetivo do Encontro Regional para Formação da Rede Nordeste de Biotérios, que acontece nos dias 5 e 6 de agosto, na Reitoria da UFPE.

Durante o evento, pesquisadores das Universidades Federal Rural de Pernambuco, Federal da Paraíba, Federal do Rio Grande do Norte e do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fiocruz vão discutir com os pesquisadores da UFPE a formação de grupos de trabalho para a organização de uma rede de biotérios para o Nordeste, composta de um biotério de criação e de biotérios de experimentação. Durante o evento, além da troca experiências, espera-se dar inicio à elaboração de projetos para a captação de recursos para a estruturação da rede de biotérios.

Palestras e mesas-redondas com temas como biotério e ciência, política governamental para a infra-estrutura na área de biotérios, formação de recursos humanos, operacionalização, normatização e avanços tecnológicos na área estão programadas para acontecer durante o evento. Especialistas do CNPq, Unicamp, USP e Fiocruz estarão participando das discussões. Ao final, será apresentada uma proposta para a formação da Rede Nordeste de Biotérios.

Encontro Regional para Formação da Rede Nordeste de Biotérios
Informações: 3271.8148
Horário: 8h às 12 e 14h às 17h