Jovens estréiam
mobilidade estudantil
Alunos beneficiados
pelo programa, inédito no País, vão cursar
graduação nas universidades de Salamanca e Valladolid,
na Espanha, a partir de seleção da Covest
Renata Reynaldo
É chegado o grande dia para
os 106 estudantes que foram beneficiados com o Programa de Mobilidade
Estudantil firmado entre a UFPE e as universidades estaduais espanholas
de Salamanca e Valladolid. A grande maioria deles embarca a partir
de hoje (27) para a Espanha onde, em 1º de outubro, vão
iniciar seus cursos de graduação.
De acordo com esse programa, pioneiro
no País, os estudantes que participaram do exame de vestibular
para ingressar na Universidade Federal de Pernambuco neste ano
puderam concorrer, também, a 235 vagas em cursos nessas
universidades espanholas. O acordo pretendeu beneficiar, sobretudo,
os “feras” que foram classificados no exame da Covest,
mas que não obtiveram médias suficientes para garantir
uma vaga nos cursos da UFPE.
Como o critério para ingressar
no programa é a nota obtida no exame, os estudantes aprovados,
aqueles que preencheram as vagas da UFPE, também puderam
se habilitar. Nesse caso, eles tiveram que optar por uma ou outra
instituição. E, em ambas as situações,
o estudante arcará com todos os custos da iniciativa. As
vantagens concretas do Programa de Mobilidade Estudantil consistem
no fato de o estudante brasileiro pagar taxas iguais às
dos alunos espanhóis para estudar lá, além
da chance de ter o diploma reconhecido no Brasil. A UFPE está
estudando os cursos, caso a caso, para verificar essa possibilidade.
A iniciativa foi brindada pelos reitores
das três universidades envolvidas como um importante passo
no intercâmbio internacional quanto aos cursos de graduação.
O reitor de Salamanca, Ignácio Berdugo, quando esteve na
UFPE, afirmou que “esse é um marco na vida acadêmica
das duas instituições, sobretudo, porque a diversidade
cultural que o acordo possibilita só vem a engrandecer
o processo de ensino e aprendizagem.” Para Maria José
Brezmes, vice-reitora da Universidade de Valldolid, esse acordo
atende a uma demanda crescente na Europa. “Nós temos
vagas ociosas e vocês têm bons estudantes querendo
cursar a graduação na Europa. Não existe
comunhão melhor de interesses do que essa”, atestou.
Para o reitor da UFPE, Mozart Neves,
o Programa de Mobilidade Estudantil resulta da busca de a Federal
estar à frente dos anseios da sociedade. “Hoje, mais
do que nunca, temos que proporcionar aos estudantes oportunidades
de intercâmbio, uma vez que os currículos das universidades
são muito nivelados. O que diferencia o profissional que
sai das bancas universitárias, agora, é o acervo
de experiências concretas que ela leva consigo”, ilustra
o reitor. Mozart Neves Ramos ainda ressalta que o fato de as universidades
de Salamanca e Valladolid terem endossado o convênio traduz
o reconhecimento do conceito da UFPE e do seu exame de seleção.
Um dos beneficiados pelo programa,
o estudante Thiago Ferreira, 18 anos, vai cursar Engenharia Técnica
em Informática e Gestão em Salamanca. Thiago, que
tentou Engenharia da Computação na UFPE e não
foi aprovado, se diz hoje privilegiado por ter tido essa nova
chance de ingressar na universidade. “Estudar fora do País
é um sonho que tenho desde pequeno. E essa oportunidade
é importante porque nosso diploma será validado
no Brasil”, afirma.
Os cursos oferecidos por Salamanca
são os de Licenciatura em Física, Informática,
Engenharia Química, Direito, Pedagogia, História,
Medicina, Ciências Biológicas, Ciências Ambientais,
Administração de Empresa e Economia. Já Valladolid
disponibilizou vagas para os cursos de Bacharelado em Física,
Informática, Engenharia de Produção, Publicidade
e Propaganda, Administração de Empresas e Economia.
Acordo pode ser
ampliado
Com base na experiência adquirida
com esse primeiro Programa de Mobilidade Estudantil, a UFPE já
pensa em dar passos mais largos para fortalecer o intercâmbio
internacional. Uma das opções surgiu a partir da
visita do reitor da Universidade de Tecnologia de Compiègne
(UCT) – França –, François Peccoud,
em junho passado. O reitor francês defendeu a necessidade
de a UFPE e a sua instituição firmarem novos convênios
de cooperação para atender às demandas de
formação profissional que venham a suprir as lacunas
do mercado de engenharia mecânica, desenvolvimento de softwares
para indústrias automobilística e aeronáutica
e designer industrial da França.
Durante conversa com o reitor da
UFPE, Mozart Neves Ramos, François Peccoud também
se mostrou interessado em repetir com a UCT o mesmo acordo que
hoje a UFPE mantém com as universidades públicas
de Salamanca e Valladolid, da Espanha. Peccoud salientou que a
UCT tem como meta destinar 20% das suas vagas para estudantes
estrangeiros, até 2005. Hoje, a instituição
francesa tem 7% das suas vagas ocupadas por alunos de outros países.
“E, atualmente, estamos também interessados em atrair
alunos da América do Sul”, afirmou.
Indagado sobre a real possibilidade
de firmar tais convênios com a UFPE, o reitor francês
foi cauteloso: “O que não faltam são idéias.
Precisamos de meios para realizá-las, pois a organização
desse sistema requer muita organização”, afirmou.
Segundo a coordenadora da Cooperação
Internacional da UFPE, Suzana Queiroz Monteiro, com essas iniciativas
a UFPE vem se destacando no cenário nacional. “Outras
grandes universidades públicas do País ainda não
atinaram para a necessidade de investir no intercâmbio.
Nós estamos muito à frente”, atesta.
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