Ano VIII - Nº 104 - Setembro/2002











 

Pediatria mais humanizada no HC

Alunos de cursos da área de saúde, ávidos por manter contatos com os pacientes, implantam programa de atendimento lúdico a crianças, como forma de humanizar o processo de formação

Fabíola Tavares

“Aqui comecei a desenvolver a percepção de como tratar o outro diante de sua fragilidade. É uma lição de vida que recebo todo dia.” A declaração é do estudante João Alves da Silva, do 3° período do curso de Terapia Ocupacional da UFPE, que, uma vez por semana, veste sua bata enfeitada com carrinhos plásticos para realizar atividades recreativas com os pequenos internos da enfermaria pediátrica do Hospital das Clínicas da UFPE. Ele e mais 99 colegas de cinco cursos (Medicina, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Psicologia e Fisioterapia) fazem parte do projeto Humanização em Pediatria – Uma Proposta de Integração que, no ano passado, ficou em primeiro lugar no IX Encontro de Extensão da Universidade. O objetivo é humanizar o futuro profissional de saúde que presta atendimento a crianças e também a adultos.

O projeto teve início há oito meses com o trabalho voluntário de sete estudantes de Medicina, que procuraram o psicólogo do serviço, Florentino Guerra, com a vontade de entrar em contato com o paciente antes do 5° período do curso. “Eles colocaram que primeiro entravam em contato com o cadáver, depois com a patologia e, por último, com o paciente”, explica Guerra, que coordena o projeto junto com a professora Ana Cláudia Lima, do curso de Terapia Ocupacional.

O desejo de se aproximar do paciente o quanto antes também encontra registro entre os calouros que vão iniciar o curso no próximo semestre. “Esse contato ajuda a diminuir a relação um pouco fria existente entre o médico e o paciente”, afirma Cíntia Lopes Silveira, matriculada no curso de Medicina.

A importância e a aprovação do projeto é refletida entre as crianças e os seus acompanhantes. “Ficar no hospital é muito chato. Estou internada há 24 dias e é na hora que os estudantes chegam que me sinto melhor. Como não posso sair da cama, eles vêm até o quarto para jogar e conversar comigo”, diz Maria Cintia Francelino, dez anos.