Pediatria mais
humanizada no HC
Alunos de cursos da área
de saúde, ávidos por manter contatos com os pacientes,
implantam programa de atendimento lúdico a crianças,
como forma de humanizar o processo de formação
Fabíola
Tavares
“Aqui comecei a desenvolver
a percepção de como tratar o outro diante de sua
fragilidade. É uma lição de vida que recebo
todo dia.” A declaração é do estudante
João Alves da Silva, do 3° período do curso
de Terapia Ocupacional da UFPE, que, uma vez por semana, veste
sua bata enfeitada com carrinhos plásticos para realizar
atividades recreativas com os pequenos internos da enfermaria
pediátrica do Hospital das Clínicas da UFPE. Ele
e mais 99 colegas de cinco cursos (Medicina, Terapia Ocupacional,
Enfermagem, Psicologia e Fisioterapia) fazem parte do projeto
Humanização em Pediatria – Uma Proposta de
Integração que, no ano passado, ficou em primeiro
lugar no IX Encontro de Extensão da Universidade. O objetivo
é humanizar o futuro profissional de saúde que presta
atendimento a crianças e também a adultos.
O projeto teve início há
oito meses com o trabalho voluntário de sete estudantes
de Medicina, que procuraram o psicólogo do serviço,
Florentino Guerra, com a vontade de entrar em contato com o paciente
antes do 5° período do curso. “Eles colocaram
que primeiro entravam em contato com o cadáver, depois
com a patologia e, por último, com o paciente”, explica
Guerra, que coordena o projeto junto com a professora Ana Cláudia
Lima, do curso de Terapia Ocupacional.
O desejo de se aproximar do paciente
o quanto antes também encontra registro entre os calouros
que vão iniciar o curso no próximo semestre. “Esse
contato ajuda a diminuir a relação um pouco fria
existente entre o médico e o paciente”, afirma Cíntia
Lopes Silveira, matriculada no curso de Medicina.
A importância e a aprovação
do projeto é refletida entre as crianças e os seus
acompanhantes. “Ficar no hospital é muito chato.
Estou internada há 24 dias e é na hora que os estudantes
chegam que me sinto melhor. Como não posso sair da cama,
eles vêm até o quarto para jogar e conversar comigo”,
diz Maria Cintia Francelino, dez anos.
|