Ano VIII - Nº 108 - Janeiro/2003










 

Pesquisas apontam baratas como agentes de alergias

É comum as pessoas associarem suas alergias a elementos como poeira, fumaça de cigarro ou mofo. Mas poucos sabem que a exposição a baratas também pode causar reações alérgicas, principalmente nas crianças. Um estudo a esse respeito foi feito por integrantes do Centro de Pesquisa em Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas. “O objetivo do trabalho foi verificar se a asma é mais freqüente nas casas com maior grau de infestação por baratas”, explica o professor José Ângelo Rizzo, um dos autores da pesquisa. Para isso, a equipe teve auxílio de F. Genes Dedetização, empresa recifense, que levava um pesquisador a cada residência que solicitava seus serviços.

Verificou-se, então, que 32% das crianças expostas a baratas apresentavam um quadro de alergia. Entre as crianças cuja exposição era inexistente ou desprezível apenas 12% eram asmáticas. Houve também uma comparação entre a gravidade da doença e o nível de exposição. Nesse caso, 36% das crianças das casas com infestação apresentavam asma moderada ou grave, enquanto nas residências sem infestação 28% tinham o mesmo quadro. É importante notar que o trabalho não permite chegar a uma conclusão direta de que as baratas causam alergias. “Nosso trabalho foi de observação, mas não é possível traçar uma relação com 100% de certeza”, diz o professor.

As conclusões do estudo do Centro de Pesquisa tiveram o respaldo de um outro trabalho: a dissertação de mestrado da médica Isabella Londres. A pesquisa de Isabella Londres foi feita a partir de um diferente tipo de coleta de informações. Foram escolhidas crianças que já eram acompanhadas pelo Ambulatório de Alergia do HC e um grupo de controle atendido pela pediatria geral. Isabella Londres descobriu, por meio de testes cutâneos e de sangue, que as crianças asmáticas têm uma maior sensibilidade aos antígenos das baratas, que causam as alergias.

O próximo passo foi entrevistar os pais das crianças para descobrir se em suas residências há a presença do inseto. Associando as duas informações, concluiu-se que todas as crianças que tiveram o teste de sensibilização positivo apresentavam alguma infestação em suas residências. Juntas, as duas pesquisas trazem à luz um fato pouco conhecido pela população. “Servem como alerta para as pessoas que têm doenças respiratórias”, diz José Ângelo Rizzo.