Pesquisas
apontam baratas como agentes de alergias
É comum as pessoas associarem suas alergias a elementos como
poeira, fumaça de cigarro ou mofo. Mas poucos sabem que
a exposição a baratas também pode causar
reações alérgicas, principalmente nas crianças.
Um estudo a esse respeito foi feito por integrantes do Centro
de Pesquisa em Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas.
“O objetivo do trabalho foi verificar se a asma é
mais freqüente nas casas com maior grau de infestação
por baratas”, explica o professor José Ângelo
Rizzo, um dos autores da pesquisa. Para isso, a equipe teve auxílio
de F. Genes Dedetização, empresa recifense, que
levava um pesquisador a cada residência que solicitava seus
serviços.
Verificou-se, então,
que 32% das crianças expostas a baratas apresentavam um
quadro de alergia. Entre as crianças cuja exposição
era inexistente ou desprezível apenas 12% eram asmáticas.
Houve também uma comparação entre a gravidade
da doença e o nível de exposição.
Nesse caso, 36% das crianças das casas com infestação
apresentavam asma moderada ou grave, enquanto nas residências
sem infestação 28% tinham o mesmo quadro. É
importante notar que o trabalho não permite chegar a uma
conclusão direta de que as baratas causam alergias. “Nosso
trabalho foi de observação, mas não é
possível traçar uma relação com 100%
de certeza”, diz o professor.
As conclusões
do estudo do Centro de Pesquisa tiveram o respaldo de um outro
trabalho: a dissertação de mestrado da médica
Isabella Londres. A pesquisa de Isabella Londres foi feita a partir
de um diferente tipo de coleta de informações. Foram
escolhidas crianças que já eram acompanhadas pelo
Ambulatório de Alergia do HC e um grupo de controle atendido
pela pediatria geral. Isabella Londres descobriu, por meio de
testes cutâneos e de sangue, que as crianças asmáticas
têm uma maior sensibilidade aos antígenos das baratas,
que causam as alergias.
O próximo
passo foi entrevistar os pais das crianças para descobrir
se em suas residências há a presença do inseto.
Associando as duas informações, concluiu-se que
todas as crianças que tiveram o teste de sensibilização
positivo apresentavam alguma infestação em suas
residências. Juntas, as duas pesquisas trazem à luz
um fato pouco conhecido pela população. “Servem
como alerta para as pessoas que têm doenças respiratórias”,
diz José Ângelo Rizzo.
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