Lixo
doméstico é o maior vilão das praias do litoral
sul
A quantidade de lixo nas praias é um problema que incomoda
veranistas por todo o Brasil e, em Pernambuco, não é
diferente. O litoral sul do Estado foi escolhido para ser objeto
da dissertação de mestrado em Oceanografia de Maria
Christina de Araújo, que procurou identificar as origens
e conseqüências do lixo derivado do petróleo,
como plásticos, espumas e isopor, encontrado na areia das
praias de Carneiros, Campas, Tamandaré e Várzea
do Una. “Antes de começar a pesquisa, imaginávamos
que a maior parte do lixo vinha dos turistas, principalmente de
Tamandaré. Quando foi visto que a praia de Várzea
do Una, que é freqüentada apenas por pescadores da
região, tinha a mesma quantidade de resíduos que
as outras, concluímos que o lixo teria que ser doméstico”,
explica a professora Mônica Costa, orientadora da pesquisa.
As suspeitas da professora
Mônica e de Christina foram confirmadas durante o trabalho
de campo, quando foi constatado que mais de 70% do lixo das praias
vêm dos núcleos urbanos, principalmente através
do rio Una. “É importante notar que esse lixo não
é apenas domiciliar, mas também comercial e até
hospitalar”, aponta Maria Christina. Os resíduos
que são descartados por hospitais, farmácias e clínicas
são, justamente, os mais perigosos, tanto para os banhistas
quanto para os animais marinhos.
Foram encontradas
grandes quantidades de seringas hipodérmicas, recipientes
de soro e frascos de remédio ainda cheios ou pela metade.
Os danos para a fauna não foram verificados pelo trabalho,
mas a literatura especializada mostra exemplos de animais que
ficam presos em redes de pesca abandonadas, que engolem sacos
plásticos e morrem sufocados ou por inanição,
e até peixes que entram em garrafas e não conseguem
mais sair.
A dissertação
também verificou que o litoral de Tamandaré apresenta
um serviço de limpeza público na praia, mas que
acaba sendo apenas uma medida paliativa, já que não
consegue dar conta do lixo que vem dos outros municípios.
A coleta é mais eficiente na parte central da cidade, mas
nos extremos, que são menos freqüentados pelos banhistas,
a limpeza é irregular. Agora que a pesquisa está
concluída, o próximo passo é transformá-la
em um relatório e entregá-lo aos municípios
interessados. “A prefeitura de Tamandaré está
ciente, já que fizemos uma apresentação prévia
às autoridades. Podemos sugerir algumas soluções
técnicas, mas a ação deve partir deles”,
finaliza Maria Christina.
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