Ano VIII - Nº 108 - Janeiro/2003














 

Aplicação adere ao engajamento social

Adolescentes do Colégio de Aplicação participam de programas de repasse de informações sobre saúde sexual e sexualidade para jovens beneficiários de trabalhos sociais

Anderson Lima

Ninguém sabe melhor como lidar com um adolescente do que outro adolescente. Partindo dessa premissa, dois trabalhos desenvolvidos por alunos e professores do Colégio de Aplicação da UFPE estão sendo realizados com 60 estudantes dos 2o e 3o anos do ensino médio dos municípios de Glória do Goitá, Itaenga, Pombos e Brejo da Madre de Deus (Fazenda Nova).

Os Programas A Singularidade dos Sentimentos da Adolescência e Aids: Conhecer para Combater - uniram-se e viraram Sexualidade e Singularidade na Adolescência -, que trabalha o emocional, o auto-reconhecimento e as questões da saúde sexual e da sexualidade desses jovens.

As ações estão concentradas no Campo da Sementeira, uma área de 70 hectares localizada em Glória do Goitá, onde está sendo desenvolvido o programa Aliança com o Adolescente pelo Desenvolvimento Sustentável no Nordeste, que ensina agricultura e pecuária de forma responsável e auto-sustentável. Além da UFPE, a Aliança conta com o apoio do Governo do Estado, das fundações Odebrecht e Ayrton Senna, entre outros. Além de Pernambuco, somente Santa Catarina dispõe de um trabalho semelhante no País.

“Alguns adolescentes precisavam de tratamento psicológico e era necessário realizar um trabalho para que eles se reconhecessem como pessoa para poderem entender seus sentimentos e compreender sua sexualidade”, explica a professora Edite Alves Bezerra de Lima, pedagoga e técnica em assuntos educacionais do Colégio e coordenadora do grupo ACC-CAP.

“Eu me identifico com o que é igual a mim”, explica a psicóloga e professora substituta do Colégio de Aplicação Luciana Fernandes de Barros, 29 anos, coordenadora do A Singularidade dos Sentimentos, justificando a utilização dos adolescentes para interagir com os jovens da localidade. “Quando o jovem fala para outro tem outro significado”, explica a professora Edite.

“Eles perguntam se a gente passou pelo que eles estão passando”, explica Jane Éricka Frazano, 16 anos, da Singularidade na Adolescência. “Isso faz com que os adolescentes reflitam e achem o seu caminho”, completa Ana Paula da Silva, 18 anos, de Pombos, aluna de Enfermagem, em Vitória.

O projeto Aids: Conhecer para Combater (ACC - Cap) surgiu há cinco anos, a partir de iniciativa de alunos da 8a série do Colégio de Aplicação. O trabalho já beneficiou mais de duas mil pessoas e conta com o prêmio nacional de Incentivo à Prevenção de DST, Aids e ao Uso de Drogas nas Escolas, concedido pela Unesco, em 2002. Já A Singularidade na Adolescência em suas Múltiplas Linguagens deu seus primeiros passos há dois anos com os esforços de sete estudantes do 1º ano do Colégio, na época com 15 a 17 anos. O trabalho foi fundamentado a partir de entrevistas feitas com 650 jovens de escolas públicas e privadas do Grande Recife.