Estrangeiros “invadem”
o Campus
Seja para fazer todo
o curso de graduação ou para passar apenas um semestre,
cresce o número de jovens de outros países que vêm
estudar na UFPE
Adriana Monteiro
A UFPE conta com
66 alunos estrangeiros nessa retomada de ano letivo. São
jovens que vêm de várias localidades do mundo através
de programas de cooperação internacional firmados
entre o Brasil e países com interesses no intercâmbio
de cultura e de conhecimentos acadêmicos, além de
promover a integração entre as comunidades nacional
e internacional.
Desse total de estudantes,
41 vão cursar toda a graduação aqui no Brasil
e serão diplomados pela UFPE. Outros 25 estudantes, considerados
alunos de intercâmbio, terminam sua estada no país
em, no máximo, dois semestres letivos. Os alunos que serão
diplomados pela UFPE fazem parte do programa Estudantes-convênio
de graduação (Pec-G) e vêm, prioritariamente,
de países da África e da América Latina,
tais como Angola, Senegal, Guiné-Bissau, Chile, El Salvador,
México e Haiti. A intenção é a formação
de capital humano, escasso em países em desenvolvimento,
com aptidões para justamente ajudar no desenvolvimento
de seu país. Já os alunos do intercâmbio provêm,
em sua maioria, de países da Europa e da América
do Norte.
Cada departamento
da UFPE disponibiliza um número de vagas possível
dependendo de aspectos relacionados a cada curso em questão,
como concorrência e evasão de alunos. Por esses motivos,
cursos como Administração, Odontologia, Medicina
e Direito não oferecem vagas para estrangeiros. Entre aqueles
que disponibilizam vagas estão Economia, Ciências
Contábeis e Pedagogia.
Para um aluno estrangeiro
garantir a vaga na UFPE é exigido o conhecimento da língua
portuguesa, aprovação no teste Celpe-Brás
ou é obrigado a cursar um semestre de português para
estrangeiros já aqui no Brasil. No caso dos alunos do Pec-G,
têm que ter idade entre 18 e 25 anos. Já para os
alunos do intercâmbio não é fixada uma idade
limite. Devem ter como se sustentar aqui no Brasil, seja com bolsa
paga pelo seu país ou algum parente que garanta seu sustento.
Mas o primeiro quesito para seleção é o currículo.
O ingresso na Universidade, contudo, é extra-vestibular.
Quem tem as melhores notas no currículo têm mais
chance de ganhar a vaga.
A parte mais difícil
é do processo, segundo relata Ilma Kruze, diretora de Controle
Acadêmico, é a adaptação à nova
vida e ao novo país. “Sinal disso é que alguns
pedem para ficar perto de parentes que já moram no país”,
relata Ilma Kruze.
Estudantes
de fora escolhem o País pela diversidade cultural
Manuel Mackiewicz
anda pelas instalações da UFPE como todo aluno universitário,
aos 23 anos. Mas é alguém difícil de não
ser notado. Ele trocou a universidade francesa de Lumière
Lyon2, onde estudava ciências da educação,
para cursar dez meses do curso de pedagogia aqui na Universidade
Federal de Pernambuco.
Quando perguntado
sobre sua opção pelo Brasil, Mackiewicz não
hesita em responder que sua escolha se deveu à diferença
de cultura. “Queria descobrir uma cultura latina diferente
da minha e das culturas que já conhecia, viver uma experiência
única num país desconhecido. Mas minhas expectativas
sobre o país eram gerais e não precisas”,
afirma.
Mackiewicz gosta
da cultura afro-brasileira em particular. Vai levar, na lembrança,
os muitos momentos vividos com seus amigos brasileiros. “Momentos
de concertos de maracatu e afoxé”, conta. O aluno
gosta muito das festas e das frutas brasileiras. Ao falar sobre
o curso de Pedagogia, ele diz que os professores são acessíveis,
abertos para a conversação e os conteúdos,
interessantes.
O que mais o incomoda
no momento é a saudade que sente da família e dos
amigos franceses. “Mas sei que o mundo não é
tão grande e que as pessoas podem se encontrar em qualquer
momento, facilmente. Na realidade estou sentindo que minha casa
não é em um lugar preciso, mas qualquer lugar do
mundo” finaliza Mackiewicz.
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