Ano VIII - Nº 108 - Janeiro/2003











 
Estrangeiros “invadem” o Campus

Seja para fazer todo o curso de graduação ou para passar apenas um semestre, cresce o número de jovens de outros países que vêm estudar na UFPE

Adriana Monteiro

A UFPE conta com 66 alunos estrangeiros nessa retomada de ano letivo. São jovens que vêm de várias localidades do mundo através de programas de cooperação internacional firmados entre o Brasil e países com interesses no intercâmbio de cultura e de conhecimentos acadêmicos, além de promover a integração entre as comunidades nacional e internacional.

Desse total de estudantes, 41 vão cursar toda a graduação aqui no Brasil e serão diplomados pela UFPE. Outros 25 estudantes, considerados alunos de intercâmbio, terminam sua estada no país em, no máximo, dois semestres letivos. Os alunos que serão diplomados pela UFPE fazem parte do programa Estudantes-convênio de graduação (Pec-G) e vêm, prioritariamente, de países da África e da América Latina, tais como Angola, Senegal, Guiné-Bissau, Chile, El Salvador, México e Haiti. A intenção é a formação de capital humano, escasso em países em desenvolvimento, com aptidões para justamente ajudar no desenvolvimento de seu país. Já os alunos do intercâmbio provêm, em sua maioria, de países da Europa e da América do Norte.

Cada departamento da UFPE disponibiliza um número de vagas possível dependendo de aspectos relacionados a cada curso em questão, como concorrência e evasão de alunos. Por esses motivos, cursos como Administração, Odontologia, Medicina e Direito não oferecem vagas para estrangeiros. Entre aqueles que disponibilizam vagas estão Economia, Ciências Contábeis e Pedagogia.

Para um aluno estrangeiro garantir a vaga na UFPE é exigido o conhecimento da língua portuguesa, aprovação no teste Celpe-Brás ou é obrigado a cursar um semestre de português para estrangeiros já aqui no Brasil. No caso dos alunos do Pec-G, têm que ter idade entre 18 e 25 anos. Já para os alunos do intercâmbio não é fixada uma idade limite. Devem ter como se sustentar aqui no Brasil, seja com bolsa paga pelo seu país ou algum parente que garanta seu sustento. Mas o primeiro quesito para seleção é o currículo. O ingresso na Universidade, contudo, é extra-vestibular. Quem tem as melhores notas no currículo têm mais chance de ganhar a vaga.

A parte mais difícil é do processo, segundo relata Ilma Kruze, diretora de Controle Acadêmico, é a adaptação à nova vida e ao novo país. “Sinal disso é que alguns pedem para ficar perto de parentes que já moram no país”, relata Ilma Kruze.

Estudantes de fora escolhem o País pela diversidade cultural

Manuel Mackiewicz anda pelas instalações da UFPE como todo aluno universitário, aos 23 anos. Mas é alguém difícil de não ser notado. Ele trocou a universidade francesa de Lumière Lyon2, onde estudava ciências da educação, para cursar dez meses do curso de pedagogia aqui na Universidade Federal de Pernambuco.

Quando perguntado sobre sua opção pelo Brasil, Mackiewicz não hesita em responder que sua escolha se deveu à diferença de cultura. “Queria descobrir uma cultura latina diferente da minha e das culturas que já conhecia, viver uma experiência única num país desconhecido. Mas minhas expectativas sobre o país eram gerais e não precisas”, afirma.

Mackiewicz gosta da cultura afro-brasileira em particular. Vai levar, na lembrança, os muitos momentos vividos com seus amigos brasileiros. “Momentos de concertos de maracatu e afoxé”, conta. O aluno gosta muito das festas e das frutas brasileiras. Ao falar sobre o curso de Pedagogia, ele diz que os professores são acessíveis, abertos para a conversação e os conteúdos, interessantes.

O que mais o incomoda no momento é a saudade que sente da família e dos amigos franceses. “Mas sei que o mundo não é tão grande e que as pessoas podem se encontrar em qualquer momento, facilmente. Na realidade estou sentindo que minha casa não é em um lugar preciso, mas qualquer lugar do mundo” finaliza Mackiewicz.