Criação
de camarão gera emprego em quantidade recorde na região
Estudo voltado para as atividades
agrícolas no Nordeste revela que a criação
de camarões é a atividade que mais gera emprego.
Este ano o setor vai absorver mais de 56 mil pessoas
Anderson
Lima
Além de ser uma iguaria de sabor apreciável, a cultura
do camarão agrega em si algumas particularidades surpreendentes.
Uma delas é a geração de empregos em larga
escala: “A atividade é um tremendo sucesso”,
afirma o professor do Departamento de Economia e vice-reitor substituto
da Universidade, Yony de Sá Barreto Sampaio. Ele é
um dos responsáveis, junto com o professor Ecio Costa,
do Departamento de Economia, pela pesquisa Geração
de Empregos Diretos e Indiretos na Carcinicultura Brasileira,
realizada nas principais áreas de geração
do crustáceo no Nordeste, de Pernambuco até o norte
do Ceará.
De acordo com o estudo,
a carnicicultura criou em 2001, 31.875 empregos diretos e indiretos.
Para este ano, são estimadas em torno de 56.250 pessoas
empregadas no ramo.
“Nenhuma atividade
agrícola gera tantos empregos quanto a criação
de camarão”, revela o professor Yony. O trabalho
chega a ser mais produtivo que a agricultura irrigável,
uma das atividades de mão-de-obra mais intensa no setor.
Enquanto a produção dos crustáceos gera 1,89
empregos diretos, o setor irrigável emprega apenas uma
pessoa por hectare.
Quanto ao emprego
indireto, os números apontam 1,86 pessoas empregadas por
hectare, o que, somando tudo, nos dá um resultado de 3,75
empregos diretos e indiretos por hectare na produção
do camarão. Para se ter uma idéia, a fruticultura
irrigada gera 2,14 empregos diretos e indiretos por hectare.
Outra particularidade
ligada à produção do camarão é
o uso de pessoas de baixa escolaridade. “O fato de não
requerer uma educação formal é que garante
à população local um emprego com uma remuneração
adequada, sem precisar se deslocar do local de residência”,
explica Yony Sampaio. Nas fazendas de engorda, 88,19% dos empregados
têm apenas a educação elementar, e nos laboratórios
de pós-larvas e centros de processamento, esse grupo responde
por 90,10%. E como a criação dos crustáceos
é uma atividade contínua, a maioria dos empregos
é permanente: 100% nos laboratórios e centros de
processamento e 83,73% nas fazendas de engorda.
Para chegar a esses
resultados, os pesquisadores aplicaram questionários nos
centros de processamento, fazendas de engorda e laboratórios
de produção de larvas.
Também foram
pesquisados os insumos, os equipamentos e os demais fatores envolvidos
na atividade para o cálculo dos empregos diretos e indiretos.
A pesquisa foi iniciada em agosto do ano passado, tendo sido concluída
em janeiro último.
93%
da produção do País é do NE
A criação
de camarão no Brasil é uma atividade recente, com
menos de dez anos, e se divide em três elos principais:
os laboratórios, onde são criadas as chamadas pós-larvas,
que serão vendidas às fazendas de engorda (segundo
elo), em que os crustáceos passam por um período
de engorda até atingirem o tamanho ideal de venda. Já
o terceiro envolve os centros de processamento do produto, onde
o camarão é preparado para ser consumido no Brasil
ou no exterior. Da produção regional, 60% são
exportados, o que garante ao Nordeste o 2o lugar na fonte de divisas
do setor agropecuário. A região responde ainda por
93% da produção de camarão do País.
E, apesar de bons,
os resultados obtidos ainda poderiam ser melhorados. De acordo
com o professor Ecio Costa, a geração de emprego
seria maior se fosse agregado valor ao camarão, uma vez
que existem 30 tipos diferentes de produtos que podem ser obtidos
com o beneficiamento do crustáceo. “Quando você
exportar o produto beneficiado, não estará exportando
empregos. Você vai estar gerando os empregos aqui”,
finaliza.
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